História
O Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) está inserido em um contexto regional desafiador, caracterizado pela baixa industrialização e pela dificuldade em atrair e fixar talentos. No entanto, Mato Grosso do Sul apresenta um cenário único de oportunidades, impulsionado por políticas ambientais inovadoras, como a presença de grandes empresas de papel e celulose (consolidando o “Vale da Celulose”), a migração do setor de citrus, a crescente demanda por geração distribuída em áreas remotas e a posição estratégica com a criação do corredor da Rota Bioceânica.
A gênese do PPGEE remonta à articulação de núcleos de pesquisa preexistentes na Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (FAENG), com trajetória consolidada em Sistemas de Energia. A motivação para a criação do programa foi dupla: atender a uma demanda estratégica regional por inovação tecnológica e, simultaneamente, elevar o patamar da pesquisa acadêmica em Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, transformando-a em um polo de referência no Centro-Oeste. Esta iniciativa alinhava-se diretamente ao Plano de Desenvolvimento Institucional da UFMS, que previa a implantação de novos programas stricto sensu. Neste cenário, o Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul foi aprovado pela CAPES em 05/12/2016, tendo início no segundo semestre de 2017 com oito professores e dois colaboradores. A área de concentração, única e coesa, é a de Sistemas de Energia com duas linhas de pesquisa bem definidas e correlacionadas. A primeira é a de Processamento Eletrônico de Energia e a segunda é a de Sistemas de Decisão Baseados em Computação Flexível.
De forma geral, mas não restrita, a linha de Processamento Eletrônico de Energia tem como foco central as aplicações resultantes da área tecnológica de Eletrônica de Potência, ciência com aplicações mais amplas e diversificadas da engenharia elétrica e chave para o desenvolvimento sustentável dentro dos novos paradigmas tecnológicos e ambientais; enquanto que, a Linha correlata trata da aplicação de modelos de decisão baseados em dados através de ferramentas estatísticas, de modelos auto associativos e de análises multivariadas utilizando ferramentas de computação flexível, sendo fundamental em tomadas de decisão nas diversas áreas de Sistemas de Energia.
A trajetória do PPGEE foi marcada pela execução de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), que fortaleceram a infraestrutura e a criação de um ecossistema de inovação. Neste contexto, entre os anos de 2017 e 2018, estabeleceu-se a primeira parceira do programa e seu primeiro projeto de P&D. O projeto aprovado teve parceria com a Faculdade de Computação (FACOM) e o projeto, financiado pela ANEEL, teve foco no desenvolvimento de tecnologias para identificação de sujidade e limpeza automática em sistemas fotovoltaicos. Neste mesmo tempo, uma parceria com o Grupo Energisa, via P&D Aneel, resultou no projeto “Sistema de Corte e Religa Remotos para Unidades Consumidoras Pulverizadas”, que gerou a primeira spin-off vinculada ao programa, a ENG Tecnologia.
Em 2019, o PPGEE aprovou um projeto com a ANEEL, denominado de “Desenvolvimento de Sistema Nacional de Recarga Rápida de Bicicletas e Veículos Elétricos para Aplicações V2G (Vehicle to Grid)”, que possibilitou incremento de infraestrutura ao PPGEE com a aquisição de novos equipamentos, e, a instalação do primeiro eletroposto de recarga rápida do estado de Mato Grosso do Sul, no campus da UFMS, dentro da cidade Universitária, sendo um marco para a Universidade e para o PPGEE. O ecossistema de inovação expandiu-se com o surgimento da startup DAMINE, focada em inteligência artificial embarcada.
Entre 2022 e 2024, o programa avançou com os projetos CNPq-MAI/DAI – GreenPower (nanotecnologia para combustíveis verdes) e o H2R:GLP (financiado pela Copa Energia), que investiga misturas de hidrogênio e GLP. Estes projetos puderam criar uma sinergia importante entre pesquisadores do PPGEE e pesquisadores dos institutos de Física e Química, que logo se tornariam professores também deste programa de pós-graduação.
Em 2022 foi assinado convênio de dupla diplomação com o Instituto Técnico de Bragança trazendo a oportunidade de enviar acadêmicos e, também de receber estudantes estrangeiros. Adicionalmente, este convênio fortaleceu a interação entre pesquisadores do PPGEE e do referido Instituto, com coorientações em andamento.
Em 2023, três professores do PPGEE conseguiram bolsa de Produtividade, dois em pesquisa e um em desenvolvimento tecnológico e inovação, e, neste mesmo ano, atraiu mais 3 bolsistas de Produtividade, dois em pesquisa e um em desenvolvimento tecnológico, professores estes dos Institutos de Física, Química e Computação. No total, o PPGEE possui 6 bolsistas de produtividade. Atualmente, o programa conta com 10 professores permanentes.
Em 2025, o PPGEE aprovou 2 novos projetos de pesquisa com pesquisadores brasileiros erradicados no exterior na chamada CNPq/MCTI/FNDCT 22/2024 – Programa Conhecimento Brasil – Apoio a Projetos em Rede com Pesquisadores Brasileiros no Exterior, tendo como Universidades Parceiras a Purdue University, Indianapolis, e a Carleton University, do Canadá, buscando consolidar sua atuação internacional em temas de fronteira.
Em sua trajetória, o programa formou 40 mestres, com tempo de titulação de 28 meses e, já atingiu a marca de mais de 100 artigos publicados em periódicos.
Adicionalmente, possui constituída comissão de Planejamento Estratégico e de Autoavaliação com os docentes Moacyr Aureliano Gomes de Brito, Edson Antonio Batista, Luigi Galotto Junior, Ruben Barros Godoy, Wesley Nunes Gonçalves, e, Ianca Moraes Silva de Jesus (Discente) e Carlos Alencar (Técnico Administrativo). A comissão tem o intuito de propor soluções e direcionamentos para o crescimento sustentável do PPGEE, baseando-se nas diretrizes norteadores do documento de avaliação da CAPES.
A trajetória do PPGEE é marcada por um processo contínuo de aprendizado e aprimoramento, guiado pelos pareceres formais da CAPES e por um sistema interno de autoavaliação. Com relação ao primeiro ciclo avaliativo, 2017-2020, cujo conceito obtido foi 3, este destacou pontos críticos que se tornaram norte para a estratégia de melhoria do programa. No relatório da CAPES, verificou-se: corpo docente não consolidado (FOR fraco); falta de um planejamento estratégico próprio; coautoria discente/egresso insuficiente, além de internacionalização incipiente.
Como resposta estratégica, cada crítica do relatório CAPES foi tratada como uma oportunidade de melhoria, com aumento da quantidade de bolsistas de produtividade, aumento da produção intelectual, inclusive com ação direta discente, integração em projetos de P&D, fomento ao empreendedorismo e estratégias de internacionalização, apontando uma transformação importante do programa.
A análise comparativa entre o conceito 3 (2017-2020) e a autoavaliação interna (2021-2024) demonstra um ciclo virtuoso de melhoria contínua. Os marcos de projetos, a qualificação do corpo docente, a expansão da infraestrutura e as ações de internacionalização foram respostas diretas e bem-sucedidas às recomendações da CAPES.
A manutenção das duas linhas de pesquisa originais foi uma estratégia para permitir aprofundamento temático e consolidação de expertise. Os indicadores de produção intelectual do PPGEE, no período 2021-2024, conforme atestado pela plataforma Stela Experta, equipararam-se à média de programas conceito 4 na área de Engenharia IV. O crescimento qualitativo, evidenciado pela migração estratégica para veículos de maior impacto, e o fortalecimento quantitativo de todos os seus pilares, posicionam o programa para uma perspectiva sólida de elevação de conceito no próximo ciclo avaliativo.
O planejamento estratégico para o quadriênio 2025-2028 já está orientado para novos desafios, buscando consolidar o PPGEE como um programa dinâmico, resiliente e em contínua ascensão no cenário nacional e internacional da pós-graduação em Engenharia Elétrica.

